segunda-feira, 11 de junho de 2012

Dom Casmurro, capítulo L.

"Se eu pudesse contar as lágrimas que chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração, mas é bom ser enfático uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflige. Entretanto, se eu me ativer só à lembrança da sensação, não fico longe da verdade; aos quinze anos tudo é infinito."

sábado, 9 de junho de 2012

Complexidade

 — "Um chá de amnésia, por favor!"  —  Estou a ponto de entrar no barzinho da esquina sem me importar com nada, apenas fazer o meu pedido e rezar para que ele resolva essa confusão.
Sinto-me quase uma daquelas gotas de água em meio ao oceano, tudo é tão vago. Me dói o peito cada vez que tento fugir e me dói ainda mais se permaneço. Uma complexidade sem tamanho.
Não sei qual caminho escolher, não sei como encontrar as respostas e muito menos onde encontrar coragem para fazer as perguntas. Me movo cada vez mais devagar, quase tropeçando. Meu coração pede por pressa, pede por caminhos menos complicados, mas não sei como agir.
Acho que vou corroer por dentro, vou virar ferrugem ou até entrar em processo de decomposição. Murchar feito rosa sem água... é deplorável eu sei, mas é inevitável. Vou apodrecer sem nem saber por que.

domingo, 22 de abril de 2012

Há sempre bolinhas de papel por aí.

A gente insiste, persiste, arrisca, ganha, perde, tenta fugir escrevendo num papel pra alguém ler, a gente amassa, dobra, faz bolinhas de papel também, a gente até guarda algumas na gavetinha do coração e tenta desamassar as que a gente recebe ou acha largada por aí na esperança de torná-las algo melhor.
Ultimamente tem sido assim, tenho encontrado nas ruas ou até mesmo dentro de mim várias dessas bolinhas de papel e tenho buscado coragem para desamassá-las, são milhões, mas um dia quem sabe, eu faço delas um livro... Quem sabe eu não transformo os rascunhos que estão escrito nelas em histórias maravilhosas e bonitas de se ler, pode ser que alguém goste, pode ser até que alguém venha desamassar algumas comigo... Pode ser que alguém comece a desamassar as que encontrar por aí... Ou então, pode ser que eu não consiga, pode ser que eu não tenha forças e pare de desamassar na nonagésima folha de papel que eu encontrar, jogando todas as outras no lixo mais próximo. Nunca se sabe.
Tem dias que a gente acorda com uma vontade de desamassar mais do que milhões de folhas. No entanto, há dias em que você deseja sair por aí amassando cada folha de papel que você vê pela frente, jogando cada uma no lixo mais próximo, destruindo esperanças, se amassando por dentro. Esses são os piores dias, e inexplicavelmente são os que mais acontecem.
Apesar de tudo isso, bem que a gente poderia virar uma dessas bolinhas e esperar alguém vir e nos desamassar, fazendo da gente o desenho mais bonito ou até mesmo esperando alguém nos escrever de uma outra forma, numa história mais bonita. Mas a gente sempre tem medo porque sempre tem alguém por aí num daqueles dias: querendo bolinhas pra arremessar no lixo mais próximo.
E aí a gente volta a insistir, persistir, arriscar, fugir, e a escrever pra amassar o papel logo depois ou dobrá-lo, ou até mesmo guardá-lo na gavetinha do coração, porque vamos combinar, lá bem mais seguro não é mesmo?

quarta-feira, 28 de março de 2012

Relatos de uma coisa que todo mundo tem: Saudade

Não sei mais como agir no meio dessa bagunça no meu peito. Tudo o que ouço, vejo, toco, me lembra que eu ainda amo você. Mesmo que sem querer, mesmo sem você saber. Eu tento me controlar porque você é um perigo para o meu coração. Você me machuca de todas as formas possíveis. Preciso mostrar a mim mesma que se você é capaz de viver feliz sem mim, eu posso também ser melhor sem você. Mas como agir assim, se perto de você eu perco o controle? Juro que já tentei me afastar milhares de vezes, mas os caminhos que traço só me levam à você.
Ainda marco no calendário a primeira vez que te vi, e coloco a música que me lembra você todas às vezes que por acaso você vem até a minha mente. É uma tortura te ver longe de mim cada vez mais. Aposto que você nem lembra de mim, aposto que nem sabe que quando te vejo a minha vontade é de te roubar de uma vez por todas. Aposto que você nem desconfia que eu quero passar mais do que algumas horas de um final de semana qualquer com você.
Não suporto mais te amar de longe, de te tocar por acidente. Não quero mais fugir porque eu ainda amo você.

PS: Sinto saudade, muita saudade.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O vento soprou mais forte novamente

"O vento irá soprar mais forte hoje...", senti isso ao abrir os olhos, sem nem precisar levantar da cama para abrir a porta e sentir o vento... Eu simplesmente abri os olhos e senti o que o dia queria me dizer.
E foi assim, ao colocar meus pés no chão senti que meu dia iria doer um pouco, mas eu já estava acostumada. Lavei bem o rosto, queria saber se realmente era verdade, se realmente aquilo iria me atormentar de novo. Me olhei bem no espelho e segui. Tomei um café bem quente e bem amargo pra combinar com o dia, senti uma dor no peito de repente, mas continuei.
Algumas horas se passaram e eu não tinha mais como suportar a dor resolvi tomar um remédio, eu realmente precisava disso. E assim, coloquei The Smiths pra tocar, deitei e dormi.
Passado algumas horas, acordei e fui até a varanda, vi que já havia perdido a minha aula pois o pôr-do-sol ali estava, belíssimo, esperando por uma xícara de café, por mais uma música...
Ali estava eu tomando meu café, ouvindo there is a light that never goes out, apreciando a coisa mais bonita do meu dia, a cafeína nunca havia me ajudado tanto. Me fez não pensar.
Mas o vento soprou forte novamente e eu me dei conta de que o dia estava cumprindo com o que quis me dizer mais cedo e eu já deveria ter percebido que café nenhum iria trazer o que o vento já havia levado de mim das outras vezes... Que música nenhuma iria levar embora esse silêncio que me consome...
Fechei os olhos, tomei o último gole de café enquanto escutava o fim da música e fui repetindo pra mim mesma:
" There is a light that never goes out, there is a light that never goes out, there is a light that never goes out..."
E esperei o dia virar noite, enquanto uma lágrima passava pelo meu rosto. Meu peito doía, mas nada disso que aconteceu foi culpa de alguém, foi só o vento que resolveu soprar mais forte novamente e levar um pouco mais de mim consigo.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Saudade

Tenho ficado dias sem saber como escrever, nunca sai nada bom, tento todos os dias, mas infelizmente nada me vem à cabeça.
A saudade tem bloqueado minhas palavras ou pelo menos boa parte delas. Só sei repetir as mesmas coisas de sempre, é tudo mentira mas tenho que sorrir. Só consigo ter saudade das coisas boas que já vivi, tenho saudade de tudo, tenho saudade da minha vida de antes. As lembranças me fazem ver que estou cada vez pior.
As coisas não são mais como antes, uma madrugada na varanda já não resolve mais, um banho de chuva já não leva tudo embora...
Tudo isso tem me deixado com medo, medo de mim, de não saber mais como lidar comigo. Medo de esquecer das coisas que já aprendi, medo de sofrer mais, medo de não saber ajudar mais ninguém, medo de afastar todo mundo de mim, medo de desmoronar por fora também porque não sei mais como esconder tanta coisa, não existe mais lugar em mim.
Tenho medo de virar só saudade.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O que você sabe?

Você sabe se proteger da chuva? E do perigo? Você sabe prever o futuro?
Você sabe assobiar? E dançar?

O que você sabe?

De tudo o que é dito, você sabe separar as coisas boas das ruins? 
Você sabe nadar? E parar?

O que você sabe fazer?

Você sabe fazer contas de álgebra? Você sabe cantar?
Você sabe mudar? E chorar? 

Responda: o que você sabe?

Você sabe esperar? Sabe ir e voltar? 
Você sabe ler? E escrever? 

— Me fale, em qual parágrafo está tudo o que você sabe? 
Talvez em nenhum, talvez em todos, depende. Do quê? 

Ah, do que você sabe.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Caio Fernando Abreu

Se fosse fácil, todo mundo saberia explicar como fazer. Viver não é assim tão simples, mas que a gente complica, não há dúvidas.

Texto I

Sinceramente eu já não sei mais por onde percorrer, acho que eu nunca soube. São tantas dúvidas, tantos caminhos, mas nenhuma solução... Tenho procurado viver, mas ainda assim eu sei que não estou fazendo o correto, o que é melhor pra mim.
Será mesmo que o melhor seja viver por viver? Eu nunca vou entender o porque de alguém tomar essa atitude, não faz o menor sentido.
No momento acho que a minha vida é um amontoado de "não sei" e isso tem me sufocado muito. Odeio o fato de não saber as coisas, de não saber o que acontece dentro de mim. Sei que talvez eu só precise deixar que aconteça, de uma forma que eu não fique preocupada e apenas espere tudo se acalmar, mas de quê tudo isso adiantaria? Eu não sei ficar de braços cruzados vendo tudo ir embora, deixando o tempo passar se eu sei que de nada vai adiantar. Mas se me movo só faço besteira e se não faço nada acabo parecendo uma daquelas que quer que tudo caia do céu... Tenho medo de continuar com essas dúvidas e acabar magoando alguém com os meus problemas, de acabar tomando escolhas erradas.
Já tentei de tudo, desde conversar com um robô até vir aqui e escrever. Vejo que algumas pessoas estão realmente dispostas a me ajudar, mas eu já não quero mais fazer o que me sugerem porque já cansei das vezes que tentei e não vi resultado.
As dúvidas são constantes, a tristeza parece levar parte de mim me deixando apenas com a parte mais difícil de lidar e assim vou ficando sem escolhas, me afogando cada vez mais nesse mar de incerteza que trago dentro do bolso.
Viver seria mais fácil se tivesse receita, guia, manual, qualquer coisa.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Clarissa Côrrea

Desocupar é a ordem. Desocupar, também, do meu coração. Cansa dar bola e se importar com gente que não está nem aí. O problema é que eu não mudo nunca: me ocupo de todo mundo. É por isso que sempre falta espaço aqui dentro, até mesmo pra mim.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Clarice Lispector

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades. Sinto saudades dos amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei. Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo... Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar.

Adele, someone like you:

"(...) I hate to turn up out of the blue uninvited, but i couldn't stay away, i couldn't fight it. I hope you'd see my face and that you'd be reminded that for me, it isn't over."

Los Hermanos, Bárbara:


           "Eu acho que ela também já chorou, mas também acho que já se esqueceu."

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Clarissa Côrrea

A vida é meio amarga, azeda, meio de verdade. Isso assusta, mas a gente precisa ser forte.

Tati Bernardi, contrato:

"(...) E você olhou do elevador e me perguntou: Eu não tô esquecendo nada? E eu quis gritar: Tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: Não tem nada meu aí? E eu quis gritar: Tem, tem eu, eu sempre fui sua. Eu já era sua antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer. Mas a gente combinou que não era amor."

Gabito Nunes

Quero você aqui, no meio das minhas coisas, meus livros, discos, filmes, minhas ideias, manias, suspiros, recortes. Respirando o mesmo ar... Entra, não pergunte se pode ficar. Vem e fica.

Tati Bernardi

Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida.